sábado, janeiro 08, 2005

O tempo caminha junto às águas do rio...

Noite de lua nova, escuridão total. A madrugada em seu auge. E sequer ao céu visível estava permitido estar coalhado de pontos de luzes cósmicas viajantes, chamadas de estrelas, sempre deslumbrantes, amigas tão distantes. O tempo carregado, opressivo, era fortemente sentido. E nenhuma luz artificial... Apenas se pressupunha presenças físicas e imateriais outras, pelo exercício dos demais atributos naturais das percepções sensoriais : o barulho de água corrente batendo muito forte, repetida insistentemente nas pedras; o odor agreste do mato respingado, o vento cortante açoitando a vegetação que se lhe resvalava dolorosamente partes desprotegidas do seu corpo. E de tudo resultando numa sofrida sensação de perdida solidão... (física?). Frio tão intenso, jamais sentido anteriormente! A visão obliterada, nada se via, apenas se sentia: isso... existe?!!! Aquele pedaço de mundo, alí, era para si desconhecido. Uma dimensão assustadora! Um passo em falso, em qualquer direção para se sair dali e todas as esperanças, da menor à mais significativa delas, poderiam se ver perdidas num átimo. Arriscar? Esperar amanhecer, estático, sabendo ser mesmo quase que impossível se manter dessa forma por horas... Que fazer ? Como tentar superar essa situação tão dramática na qual se encontrava e, pior: sequer sabia, entendia, como alí havia chegado. Não se lembrava de nada... A verdade é que estava em um momento crucial da sua vida: em uma brutal encruzilhada! Ahh! Calor louco, intenso! Vertigem! De repente... se viu arrancado dalí. Se sentiu empapado de um suor frio, gélido. Num instante compreendeu que tinha estado a delirar. A boca seca, muito seca. Gosto ruim. A febre agora, conseguiu raciocinar, tenderia a diminuir. Mas naquele momento percebeu que tudo o que havia vivenciado em seu estado anterior de aparente delírio tinha sido simplesmente verdadeiro. Sua vida inteira, o vazio, a possível, provável e imediata mudança radical que se antevia, tudo estava a depender de uma decisão sua, uma única... E mais pessoas, algumas muito especialmente queridas sofreriam, e muito, fosse qual fosse essa decisão. Ainda que quizesse se safar, não havia como fugir !... Daí resolveu, convicto : deveria esperar o amanhecer, primeiro... Nenhuma decisão seria tomada agora, naquela escuridão. Fossem quais fossem os sacrifícios suportaria o aguardar do amanhecer que acreditava inevitável... O barulho das águas batendo nas pedras o ajudaria a amenizar o penar do tempo da espera. Oh! As águas revoltas, as pedras afiadas, cortantes... O remanso sim, o redemoinho não! O rio sim, o tempo sim, mais especialmente sim ao... Alvorecer !

9 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Texto bem inscrito, um bom trabalho com as palavras. Não teve um sentido em si, a não ser falar do tempo, etc e tal... Mas demonstra um estilo. Sobre o tema em que o Blog se propõe, acho que está fora de contexto (off-topic).

13:08  
Anonymous Anônimo said...

Creio que entendi a mensagem do Soberano. Como em tudo na vida, todas e quaisquer decisões, especialmente as mais complexas e difíceis -(no caso, uma "crucial", quer dizer, de importância fundamental)- deveriam ser tomadas da forma mais consciente possível, nunca sob as tensões dramáticas descritas no belo texto surrealista. Aparentemente o conteúdo da mensagem em si poderá parecer estar desassociado do contexto a se propõe o blog mas, não será que há uma outra mensagem subliminar, quase que codificada, contida alí?

13:37  
Anonymous Anônimo said...

Ei, tremenda literatura. Mil contextos. Uma enormidade de sentidos e direções. Dá pra ficar viajando, sem parar. Pura loucura positiva. Valeu!

14:46  
Anonymous Anônimo said...

Apesar de não haver entendido algumas coisas, me pareceu uma mensagem muito rica. Dá pra perceber, claramente, que o rei é muito sensível e também um sábio. Apaixonante.

14:57  
Anonymous Anônimo said...

Adorei. Tirando a indefinição da personagem, confusa mas muito humana, percebi muita sensibilidade e doçura. A descrição do pesadelo é quase uma tragédia grega reformulada. Aplausos.

15:18  
Anonymous Anônimo said...

Entendi muito pouco. Dizem que sou burrinha. Não concordo. O primeiro comentário acima, acho que ele tem razão! Só entendi, igual, que o tempo não estava bom (rs). Ora, tem tempo bom e tempo ruim, né?

15:46  
Anonymous Anônimo said...

Hello, her Royal August Magnificence ! So very good and involved questions you asked it. Please, go ahead.

16:09  
Anonymous Anônimo said...

Zapeando por aqui escontrei SM Rei Anum. Saudações. Grandes e ricas mensagens. Muitas interpretações. Voltarei.

10:34  
Anonymous Anônimo said...

Quequeisso! Lindo mas ridículo. Lindo...lindo...não...muito mais q lindo... Ridículo de tão bonito.

01:02  

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